Estás na rua e começas por pensar sobre o que vai acontecendo ao teu redor.
Um dia assistes a um diálogo cómico entre estranhos e sorris. Mostraste uma emoção e estavas sozinho.
Tempos depois, melancólico, trauliteias uma canção no metro. Ninguém ouve, pensas. O barulho dos combóios a passar e aumentas o volume. Ninguém vai ouvir. Isto torna-se um hábito.
Ao voltar a casa, após um dia de trabalho, passados alguns meses, estás tão estimulado que geras linhas de pensamento imensamente ricas umas atrás das outras. Tudo desperta a tua profunda reflexão. Estás tão entusiasmado que as tuas ideias extravasam e começas a balbuciar. É um sussurro e há alguns carros a passar pela mesma rua. Por isso, certamente que ninguém nota. Mesmo que notassem, iam de certeza ficar encantados com a assertividade, pensas.
Logo no dia seguinte, acordas e vens para a rua, começas a falar. Estás a dar um passeio e há muita gente a cruzar-te. Falas normalmente. Por vezes elevas o volume, porque há certas ideias fundamentais que têm de ser vincadas. Sabes que os outros ouvem. É necessário que oiçam e tu não podes deixar de falar para eles ouvirem. Há coisas que têm de ser ditas.
Um dia, enquanto divagas no metro, ouves uma jovem à tua frente dizer para outra "É louco." A palavra "louco" chamou a tua atenção. Dizes, "Há de facto por aí muitos loucos, a começar pelos que me despediram e todos aqueles taxistas que quase me atropelam, ...
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